Morre, aos 74 anos, o advogado e ex-vereador de Imperatriz Frederico Rocha
Frederico Rocha deixa grande contribuição para Imperatriz.
Maranhão Notícias
IMPERATRIZ – Morreu, na noite dessa segunda-feira(29), aos 74 anos, o advogado, professor universitário e ex-vereador de Imperatriz, Frederico Almeida Rocha. A informação é do jornalista e pesquisador Edmilson Sanches que abordou em um artigo um pouco da história e legado do caxiense Frederico Rocha.
Sanches lembra que Frederico Rocha sofria de Alzheimer, problemas de audição, microderrames e com a Covid-19 seu quadro ficou crítico e acabou não resistindo.
“Além de nosso Conterrâneo de Caxias, Frederico era um amigo de sempre. Nos últimos anos, andava extremamente abatido pela dor da morte de Dª Edna, sua esposa, em março de 2017. Um amor à esposa como nos antigos romances”, diz trecho do artigo.
A previsão é de que o enterro seja realizado na manhã desta terça-feira(30).
Confira, a íntegra, do artigo de Edmilson Sanches
FREDERICO ALMEIDA ROCHA
(12/02/1946 – 29/06/2020)
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Hoje, na hora da Ave Maria, mais um ser humano deixou de resistir na Terra para continuar a existir nos Céus.
Neste dia 29 de junho de 2020, às 18h20, o advogado e professor universitário Frederico Almeida Rocha, 74 anos, faleceu em Imperatriz (MA), no Hospital da Unimed, onde estava internado há 18 dias. Teve microderrames, tinha Alzheimer, problemas graves de audição, e tudo isso facilitou o acometimento da covid-19. Será enterrado amanhã. Os filhos tentam sepultá-lo junto à esposa, Dª Edna, falecida em 2017, que tinha ido à frente para preparar a chegada do amado.
Frederico Almeida Rocha nasceu em Caxias (MA), em 12 de fevereiro de 1946. Formou-se em Direito em São Luís (MA). Na capital, casou-se com a professora Edna Serra Rocha, nascida em Bacabal (MA). De São Luís, Frederico veio para Imperatriz como procurador do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, depois GETAT – Grupo Executivo de Terras do Araguaia-Tocantins), órgãos do Governo Federal. Com ele vieram Dª Edna e um filho, o primogênito, Marcelo, são-luisense, graduado em Direito, que é servidor público. Os demais três filhos nasceram imperatrizenses: Marlise, graduada em Letras; Marcílio e Marconi, em Administração. Os filhos deram quatro netos ao casal, até agora: Alissa, Heloísa, Andressa e Heitor.
Além de ter tido seu próprio escritório de Advocacia, Frederico foi professor da rede pública estadual, ministrando aulas de Sociologia e Filosofia no Centro de Ensino Dorgival Pinheiro. Na UEMA em Imperatriz (Universidade Estadual do Maranhão, hoje UEMASUL) foi professor e também diretor do curso de Administração. Foi professor nos cursos de Direito das faculdades privadas FEST (Faculdade de Educação Santa Teresinha) e FAMA (hoje Pitágoras), ambas de Imperatriz. Foi vereador na Câmara Municipal imperatrizense, de 1º de janeiro de 1989 a 1º de janeiro de 1993, período em que seus reconhecidos conhecimentos jurídicos foram úteis na elaboração da Lei Orgânica do Município de Imperatriz (LOMI). Quando ia concorrer a deputado, a mãe faleceu e ele decidiu não mais se candidatar. Foi secretário municipal de Educação.
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Embora fôssemos ambos de Caxias, Frederico e eu só nos conhecemos em Imperatriz. A conterraneidade tornou a amizade mais sólida. Tratávamo-nos como “Conterrâneo”. Ele foi meu cliente em banco federal em que eu trabalhava. Estudei na UEMA e, mesmo não tendo ele sido meu professor, costumávamos conversar bastante, dentro e fora da Universidade. Aliás, na UEMA também havia outros grandes professores caxienses — o Osvaldo Ferreira de Carvalho, falecido em 06 de janeiro de 1991, do curso de Letras, e os irmãos e engenheiros Ronaldo Neri Farias e Raimundo Nonato Neri Farias (este nascido em Gonçalves Dias), que continuam como docentes na Universidade.
Frederico e eu às vezes cedíamos um para o outro material ou indicações de leitura, assim como acontecia entre eu e o José Lamarck de Andrade Lima, colega vereador de Frederico, na mesma legislatura. Lembro-me de que emprestei para Frederico — que demonstrara curiosidade — vários exemplares de publicações da Academia de Ciências da antiga União Soviética, como as revistas “Tempos Novos” e “Ciências Sociais”, que me chegavam sob assinatura.
Excepcional orador, bom consumidor de informações, degustador de boa música, Frederico tinha especial apreço pela Docência, esta doce arte e ciência de ensinar. Se por Dª Edna tinha amor estelar, pelo Magistério tinha paixão basilar. Católico devotado, participou de movimentos e cursos e frequentava com extrema assiduidade a Igreja de Fátima, no centro de Imperatriz – mas ele, respeitoso, nos últimos tempos frequentava Igreja evangélica, acompanhando filhos.
Como já dito, o professor Frederico foi acometido de microderrames, era portador de Alzheimer, apresentava problemas graves de audição e esse quadro agravou-se com o profundo abatimento que ele desenvolveu desde a morte de sua esposa, Dª Edna Rocha, professora, em março de 2017. Na madrugada de 29 para 30 de junho de 2020, nas redes sociais, os registros de surpresa e perplexidade pela morte do grande professor vinham acompanhados, também, de depoimentos que relatavam o quanto Frederico Rocha falava sobre a esposa que perdera e a imensa falta que ela lhe fazia…
Ex-alunos, até em grupos profissionais, testemunhavam: “Impossível esquecer as aulas deste memorável professor”. E também: “Professor eterno. Grande homem e profissional. Que tristeza, sempre que o encontrava ele vinha com uma brincadeira. Sentiremos sua falta”. E ainda: “Nosso coração se enche de tristeza… Foi nosso professor. Uma pessoa maravilhosa!” E por aí seguem as manifestações de pesar e reconhecimento ao homem, ao amigo, ao professor.
A imensidão do amor que Frederico devotava à mulher só encontrava rival no tamanho da dor que sentia pela perda da “amada amante”, como ele tratava a esposa. Após o falecimento da mulher, há exatos três anos e três meses, pode-se afirmar que Frederico, já com os filhos criados e adultos, perdeu a maior parte do gosto pela vida. Seu grande amigo e compadre, colega advogado e colega professor Agostinho Noleto Soares confirma: Frederico Almeida Rocha era devotadíssimo à esposa.
Com a morte de sua mulher, Frederico era uma pessoa pela metade.
Assim, não importa o que esteja registrado em documentos médicos; não importa o que resuma o atestado de óbito…
…Frederico Almeida Rocha morreu de amor…
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E como nos Céus não tem doença nem distanciamento ou isolamento, Frederico será recebido aos abraços, nos braços da “amanda amante”.
Oremos por Fred e Edna, pois, para eles, a felicidade — agora eterna — recomeçou…
Deixou muitas amizades e saudades, Conterrâneo.
Edmílson Sanches
Edmilson Sanches é jornalista, pesquisador em desenvolvimento regional e membro da Academia Imperatrizense de Letras. (Foto enviada por Edmilson Sanches).