Maranhão

Edmilson Sanches diz que medidas poderiam ter evitado tragédia das enchentes no MA

O jornalista e pesquisador em desenvolvimento econômico Ednilson Sanches lamenta os estragos, mas dá indicaçoes que podem ser tomadas para evitar novos flagelados.

Maranhão Notícias

CAXIAS – As cheias dos Rios Itapecuru e Tocantins, que desabrigaram centenas de famílias que moram em suas margens, poderiam ter sido evitadas, ou ao menos, amenizadas, segundo o jornalista e pesquisador em desenvolvimento econômico, Edmilson Sanches. Dados oficiais do último sábado(15), davam conta que o Rio Tocantins já havia atingido 10 metros e 75 centímetros e desabrigado 411 famílias ribeirinhas em Imperatriz, com previsão de subir, ainda, mais.

Num artigo enviado ao portal Maranhão Notícias, o pesquisador disse que bastaria que os municípios cumprissem as recomendações do Plano  Municipal de Desenvolvimento e ouvissem especialistas e estudiosos que reduziria consideralmente os problemas que atualmente causam tanto sofrimento às respectivas populações dessa regiões.

“Não é possível que, com o avanço da Ciência, da Tecnologia, dos satélites específicos, não avance também a sensibilidade e a ação política para soluções definitivas para esses problemas”, diz Sanches, que já foi vereador de Imperatriz, em um dos trechos do artigo.

No documento, Sanches não cita nomes e nem espefica as respectivas gestões municipais. Ele recorre a estudos e conhecimentos obtidos por ele durante anos para apresentar alternativas que poderão evitar ou reduzir situações como as atuais causadas pelas enchentes e chuvas.

Confira, a íntegra do artigo

FALANDO ÁGUA

No rosário de danos, perdas, mortes provocados por nossa não sabedoria na convivência com as águas (chuvas, rios, mares e outros cursos d’água), é lamentável a situação das pessoas afetadas pela enchente de rios que conheço no Maranhão, como o Itapecuru e o Tocantins.

Se tivéssemos políticos sérios e empreendedores, seria feito o que o que diversos estudos recomendam e, no plano municipal, ações diversas, entre elas projeto que já propus e defendi em alguns ambientes, inclusive em parlamentos: criava-se a Intercameral do Itapecuru e a Intercameral do Tocantins, juntando representações dos municípios da bacia de ambos os rios  —  prefeituras, câmaras, associações profissionais e civis, estabelecimentos de ensino superior etc.

Só a bacia do Itapecuru, que é estadual, são 55 municípios e cerca de 2 milhões de pessoas em mais de 16% do território maranhense, representando mais de 52 mil quilômetros quadrados  —  quase três vezes maior que a área do país Israel.

A bacia do rio Tocantins é federal, espalha-se por quatro Estados (Goiás, onde o rio nasce com o nome Maranhão, Tocantins, Pará e o Estado maranhense). Dos 29 municípios por onde passa o Tocantins, cinco estão no Maranhão: Carolina, Estreito, Porto Franco, Imperatriz e São Pedro da Água Branca (MA), totalizando 365 mil habitantes (IBGE, 2021). (A bacia, compreendendo o rio Araguaia, atinge números que vão de mais de 800 mil a mais de 900 mil quilômetros quadrados.

Com poder político, empresarial, social e de conhecimento reunidos e unidos, se iniciariam estudos ou se ressuscitariam os que já foram feitos (e são muitos) para serem buscadas respostas para os problemas do rio e do rio em sua relação com as cidades/comunidades.

Com um Órgão desse  — a Intercameral do Itapecuru e a Intercameral do Tocantins –, haveria mais poder de sadia pressão em políticos e Casas Políticas (Assembleia e Governo estaduais, Senado, Câmara Federal) e Órgãos Governamentais estaduais e federais, além de busca de recursos financeiros e técnicos no Exterior.

Não é possível que, com o avanço da Ciência, da Tecnologia, dos satélites específicos, não avance também a sensibilidade e a ação política para soluções definitivas para esses problemas.

Não é possível que, em 522 anos de Brasil, ainda não se tomem providências antecipadas para evitarem-se perdas de vidas humanas e animal, maiores perdas patrimoniais / econômicas, maiores danos ambientais e questões sanitárias.

Prevenir desabamento de encostas, fazer deslocamentos de afetados por enchentes, planos de construção de unidades residenciais e de desenvolvimento de negócios para os residentes para deixar livre a área que os rios naturalmente ocupam em época de cheias, a dragagem do rio, o aprofundamento de seu leito, a educação ambiental para evitarem-se o destino de efluentes (como esgotos) e dispensa de objetos (até sofás…) dentro do rio, o replantio da mata ciliar (para contenção das encostas), recomposição florestal e reflorestamento etc. etc. etc.

Cidades como Caxias e Imperatriz localizam-se na região do Médio Itapecuru e Médio Tocantins, respectivamente. Portanto, no caso de Caxias, a cidade recebe o que vem de bom e de ruim desde a nascente, nas serras da região de Mirador, Colinas e São Raimundo das Mangabeiras (a região do Alto Itapecuru) e repassa para a região do Baixo Itapecuru, que termina onde o rio deságua, na Ilha de Upaon-Açu (chamada Ilha de São Luís).

No caso de Imperatriz, a cidade recebe o que de bom e de ruim vêm desde a mais distante nascente do rio Tocantins, em terras goianas, na divisa entre Ouro Verde de Goiás e Petrolina de Goiás, já próximo à divisa desses dois municípios com o município de Anápolis até a baía de Marajó, no estado do Pará, onde deságua no oceano Atlântico.

Só pode haver desenvolvimento se houver conhecimento  —  conhecimento aliado a boa vontade, seriedade, honestidade, capacidade de trabalho, prazo e resultados (positivos).

E pensar que isso também está nas mãos do povo, que é quem escolhe aqueles que, em nome dele, povo, vai fazer e desfazer, usar e abusar, do Poder que lhe foi dado por quatro ou oito anos…

Em função desse secular desprezo político ou do modo desprezível de fazer Política e Administração Pública é que o talento e o trabalho, a formação e o esforço de cientistas, técnicos e outros estudiosos não são levados em consideração, ou, quando são, não são investidos os recursos suficientes para a produção dos resultados que realmente reduziriam ou extinguiriam os desassossegos e outras desgraças de que são vítimas tanto pessoas quanto economias, ambientes…

Conhecimentos… propostas… ações… Tudo isso vai de água abaixo.

A água da ignorância, da insensibilidade, do descaso.

Mas os que não se dobram nem se acomodam, mantenham-se escrevendo  —  inda que, jesuiticamente, seja sobre a areia da praia — ou pelo menos falando. Mesmo que seja água…

…Pois, um dia, também estas haverão de rolar…

 

Edmilson Sanches- jornalista , pesquisador em desenvolvimento econômico, administraçao, comunicação história e literatura.

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