Moradores interditam estrada na zona rural de Açailândia
O protesto cobra da Prefeitura de Açailândia e de grandes empresas melhorias nas condições da estrada de acesso ao povoados Francisco Romão, Agroplanalto e Planalto I.
Ministterio Público Estadual/Divulgação
AÇAILÂNDIA – Na manhã desta terça-feira (09/08), moradores das comunidades de Francisco Romão, Agroplanalto e Planalto I, bloquearam a estrada vicinal da Sunil, zona rural de Açailândia (MA), reivindicando melhorias nas condições de acesso para moradores e estudantes da região, que convivem com forte poeira e buracos que os impedem de se deslocar em segurança, devido ao tráfego constante de veículos longos e carretas de grandes empresas como a Vale, Suzano, Viena Siderúrgica e de sojeiros.
Em 2019 os moradores da região fizeram um acordo com as empresas, com a participação da prefeitura com mediação do Ministério Público Estadual (MPE), onde as empresas prometeram levar melhorias, o que não ocorreu, a estrada permanece cheia de buracos, com lama durante as chuvas e trechos com difícil passagem.
Os(as) moradores(as) dessas comunidades observam que as condições pioraram há pelo menos oito anos, em especial com o impacto da Suzano, que iniciou a extração de eucalipto próximo a essas comunidades, contribuindo para o aparecimento de buracos e lama durante o inverno, dificultando o tráfego das pessoas e aumentando o risco de acidentes.
“As carretas da Suzano costumam passar pelo local e a gente tem que parar, e corre o risco de uma ou outra vir na contramão e bater na gente. Isso vem provocando um desgaste muito grande no acesso, porque a poeira é enorme. Por isso que as comunidades resolveram se mobilizar, para evitar um problema maior”, desabafa Francisco Martins, líder comunitário do assentamento Francisco Romão, localizado a 50 km de Açailândia.
Para os moradores, a intenção do bloqueio é pressionar as autoridades responsáveis e dialogar com a prefeitura municipal e as empresas na busca de uma solução em conjunto, como a reforma da estrada.
Polícia Militar (PM) tenta negociar em nome das empresas e do poder público
Após uma tentativa frustrada de liberação da estrada por parte de um representante da Suzano, a Polícia Militar foi acionada chegando ao local por volta das 13h.
Os policiais tentaram negociar dizendo que entrariam em contato com as empresas e com o secretário de infraestrutura de Açailândia. Às 14h uma viatura saiu e ficou outra no local. Às 16h a viatura voltou sem respostas e tentou mais uma vez desbloquear prometendo uma reunião e ameaçando fazer a remoção forçada caso o comandante autorizasse.
Por volta das 16h, por fazer parte do acordo feito em 2019, o Ministério Público foi acionado pela Justiça nos Trilhos (JnT). Por causa do horário informou que por não se tratar de matéria de plantão, não poderiam fazer nada hoje (09/08), mas que amanhã (10/08), mandariam uma equipe ao local para apurar a situação.
Ameaças de reintegração forçada
Por volta das 16h, o PM identificado como Fernando que estava representando supostamente as empresas e o poder público, pois se colocou como interlocutor, informou que viria à cidade, faria uma ligação para o comando da PM em Imperatriz e retornaria para desobstrução da estrada caso fosse autorizado.
Os trabalhadores e as trabalhadoras rurais falaram que só sairão depois que acordo for cumprido e que a PM teria que usar a força para removê-los.
O grupo de manifestantes é composto por mulheres, homens, jovens, idosos e crianças que moram nos assentamentos da região.
Até o momento do envio dessa mensagem, os moradores e moradoras dessas comunidades continuam bloqueando a estrada na busca pela garantia dessas melhorias.
(Foto: Cidade de Açailândia-Arquivo).